Thiago Teixeira
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Quem acompanha a carreira de Martha Graeff nas redes sociais e campanhas publicitárias associa a influenciadora e modelo gaúcha radicada em Miami com juventude, beleza, glamour e sex appeal. A ideia de envelhecimento, mesmo que natural e saudável, não é uma associação óbvia com a bela de 37 anos e 1,78 metro, que já estampou inúmeras capas de revistas no Brasil e no exterior. Mas, nos últimos dois anos, Martha, que é mãe de Aya, de 5 anos, passou por uma transformação: de influenciadora digital a empreendedora no universo do bem-estar. E essa mudança é um reflexo de sua busca pela saúde integral e pela promoção de um happy aging, um envelhecimento feliz.
Foi com esse nome – Happy Aging – que Martha batizou sua marca e o movimento que abraça o envelhecimento de forma natural e saudável, transformando sua própria jornada pessoal em verdadeira missão.
Tudo começou nas viagens à Índia, ponto de virada que abriu as portas para o autoconhecimento e para o mundo da medicina ayurvédica. “Eu fui à Índia para estudar ayurveda e participar de retiros. Foi quando comecei a me interessar por práticas holísticas e formas de cuidar da saúde de maneira mais natural”, conta Martha.

Acervo pessoal
Ela em Rishikesh, no norte da Índia, lugar famoso para a prática de ioga – foi ali que aconteceu sua virada espiritual e profissional
As experiências a conectaram com um “novo estilo de vida”, que a levou a explorar o universo da saúde e do bem-estar, um salto e tanto para além do mundo da moda, no qual ela havia se tornado uma das influenciadoras mais reconhecidas do país. “Foi uma mudança drástica e necessária no meu estilo de vida. Eu precisava de novos meios para me sentir melhor”, lembra ela, explicando que a busca por vitalidade passou pela suplementação e por mudanças significativas na alimentação e na rotina de exercícios.
Foi nesse contexto que Martha se reconectou com seu corpo e sua mente, e o reflexo dessa transformação foi percebido até mesmo nas redes sociais. “A mudança na minha vida se refletiu muito no que eu postava no Instagram. Meus seguidores começaram a perguntar sobre suplementos e práticas de bem-estar, o que despertou ainda mais o meu interesse nesse universo.”
O que começou como uma simples busca pessoal por saúde se transformou em conteúdo inspirador para seu meio milhão de seguidores. Com o incentivo da coach Renata de Abreu, que a introduziu ao ayurveda, Martha passou a compartilhar com seus seguidores seus conhecimentos sobre ervas indianas e práticas que ajudam a equilibrar o corpo e a mente. A conexão com o bem-estar foi crescendo de forma orgânica, até que ela decidiu formalizar essa nova fase em sua vida criando a Happy Aging.
“Eu não queria apenas promover um produto ou serviço. O que eu queria era criar um movimento que ajudasse as pessoas a enxergar o envelhecimento de uma forma mais saudável, natural e até positiva”, afirma ela.

Acervo pessoal
Empreendedora com crianças do projeto Shanti Bhavan, em Bangalore, na Índia (2018)
Assim, sua grife surgiu como plataforma de transformação pessoal, abordando não só o envelhecimento, mas também a saúde como um todo, com foco em vitalidade, equilíbrio e longevidade. O movimento visa empoderar as pessoas a abraçarem seu processo de envelhecimento com atitudes que promovem saúde física, mental e emocional.
Virada na saúde
Há dois anos, após enfrentar um difícil processo de divórcio, Martha começou a sentir os efeitos emocionais do estresse em seu corpo. “Eu estava passando por um momento muito doloroso, e meu corpo estava sentindo isso de uma forma muito intensa. A parte da digestão, por exemplo, não estava nada bem”, lembra.

Acervo pessoal
A empreendedora com a filha Aya em seu aniversário de 5 anos
Foi nesse momento que Martha procurou Daniel Yadegar, cardiologista formado em Harvard e especialista em longevidade, conhecido por atender personalidades como Tony Robbins. Com ele, Martha fez um teste revolucionário: o teste de idade biológica. “Minha idade cronológica era 37, mas, em termos de energia e vitalidade, eu estava 10 anos à frente da minha idade real”, lembra.
O teste, que analisa a saúde de 11 órgãos vitais, incluindo fígado, cérebro e coração, mostrou que o corpo de Martha estava envelhecendo mais rapidamente do que sua idade cronológica.
O teste de idade biológica tornou-se uma das ferramentas-chave oferecidas pela Happy Aging em parceria com a True Niagen, empresa pioneira nos EUA nesse tipo de avaliação mais detalhada. O teste, que custa US$ 499 no site, é um exame completo que mostra a “idade interna” do corpo e pode ajudar a identificar áreas que precisam de atenção para melhorar a saúde e a longevidade
Corpo frágil, corpo forte
Como “cobaia” de sua própria iniciativa, Martha fez uma série de mudanças em sua rotina, principalmente relacionadas à alimentação e ao exercício físico. A chave, segundo ela, não estava em seguir dietas restritivas, mas em adotar uma alimentação balanceada e nutritiva, conhecida como a abordagem eat the rainbow. “Antes, eu restringia muitas coisas sem introduzir alternativas saudáveis. Hoje, meu foco está em consumir mais variedade, com menos repetição e mais cor no prato – frutas, vegetais e nuts.”
Martha aprendeu a importância de sentar-se para as refeições, sem pressa, e de evitar comer on the go, uma prática comum durante sua carreira como modelo, quando muitas vezes pulava refeições para manter o corpo esbelto.

Thiago Teixeira
Martha Graeff em ensaio exclusivo para a Forbes Brasil, feito na sede da Happy Aging, em Miami
“Aprendi a reeducar meu corpo e minha mente sobre o valor nutricional das refeições e a qualidade da comida. Quando estava no mundo da moda, a alimentação era muitas vezes negligenciada, mas hoje entendo que a verdadeira beleza vem da nutrição equilibrada e do autocuidado.” Essa mudança de mentalidade tem sido especialmente importante para as mulheres, que muitas vezes negligenciam a alimentação em busca de um padrão estético.
Martha também reformulou completamente sua rotina de exercícios. “Antes, eu passava horas fazendo cardio, tentando queimar calorias. Mas, com o tempo, percebi que o treino funcional e o levantamento de pesos eram muito mais eficazes para o meu corpo e para o controle do processo de envelhecimento”, afirma.
Ela passou a adotar treinos de musculação e levantamento de peso, cruciais para manter a força muscular à medida que envelhecemos – a partir dos 30 anos, a perda de massa muscular é inevitável, com uma diminuição de cerca de 1% ao ano, em média, em pessoas saudáveis. “Muitas mulheres têm medo de fazer musculação porque acham que vão ficar ‘grandes’, mas o treino de força é essencial para o envelhecimento saudável”, explica.
Além disso, ela passou a incorporar a suplementação de creatina, aminoácidos e proteínas em sua rotina, componentes essenciais para a recuperação muscular e para a manutenção da energia.
Parceria e inovação
Um dos pilares do sucesso da empreitada de Martha Graeff é a parceria com o Dr. Daniel Yadegar, que também é fundador da Wellbell, marca reconhecida por seu trabalho em soluções para a perda de cabelo. Com vasta experiência em longevidade, ele se tornou o medical cofounder essencial para a marca, com uma abordagem baseada em evidências científicas para o desenvolvimento dos produtos. “Foi muito importante poder contar com um parceiro da área médica que compartilhasse comigo a mesma visão e o mesmo comprometimento com a saúde e o bem-estar das pessoas”, diz Martha.
A parceria começou há dois anos, quando a dupla passou a desenvolver fórmulas com foco em boosts de antioxidantes e delivery liposomal – uma tecnologia que garante melhor absorção dos nutrientes pelo corpo, eliminando a necessidade de ingestão de várias cápsulas ao longo do dia. “Nós queríamos que nossos suplementos fossem mais práticos e eficazes, por isso optamos por oferecer os produtos em shots líquidos, ao invés de cápsulas ou pós, que dominam o mercado”, diz.

Divulgação
Foto da campanha da Happy Aging
A linha inicial de produtos, conta Martha, “foi um sucesso” principalmente devido ao ingrediente Nicotinamida Ribosídeo (NR), que aumenta os níveis de NAD+ (dinucleotídeo de nicotinamida e adenina), molécula essencial para a produção de energia e reparo celular. Estudos sugerem que a suplementação com NR pode ter vários benefícios, como melhorar a função mitocondrial, aumentar o reparo celular, apoiar a saúde do cérebro e reduzir a inflamação. “A NR oferece um suporte para manter a saúde celular e metabólica, que pode contribuir para uma sensação de mais energia e resiliência à medida que envelhecemos.”
O próximo passo da modelo e empresária é lançar novos produtos voltados para o bem-estar, ricos em colágeno, e abordar o conceito de “células zumbis”, células envelhecidas que impactam diretamente o processo de envelhecimento e a saúde geral do corpo.
O tamanho do mercado
Nos EUA, o mercado de longevidade e healthy aging (envelhecimento saudável) é um dos mais vibrantes dentro do setor de bem-estar, com projeções que indicam um crescimento robusto nos próximos anos. Segundo o Global Wellness Institute (GWI), o mercado global de bem-estar fechou 2024 tendo movimentado globalmente US$ 6,8 trilhões, com expectativa de chegar aos US$ 9 trilhões em 2028.
Além disso, de acordo com a plataforma de dados e estatísticas Statista, o mercado de suplementos para a saúde deve ultrapassar os US$ 100 bilhões até 2027 somente nos EUA, onde há forte demanda por produtos que ajudem a combater os sinais do envelhecimento e promovam a saúde celular e a vitalidade.

Thiago Teixeira
Foto do ensaio exclusivo
O foco no envelhecimento saudável também tem se expandido ao redor do mundo para medicamentos antienvelhecimento, tecnologias de rejuvenescimento e cuidados preventivos que visam retardar o declínio fisiológico e melhorar a qualidade de vida mental e emocional.
“O envelhecimento não precisa – e não deve – ser um processo assustador. Ele pode ser encarado de maneira positiva, se olharmos para ele com amor e cuidado. Quero ajudar as pessoas a se sentirem mais plenas, mais energéticas e mais felizes com cada fase da vida”, afirma Martha.
E completa, citando outras abordagens anti-aging: “Não existe certo e errado. Procedimentos estéticos não são vilões. Ninguém é dono da verdade para dizer o que é bonito, o que é natural e o que é demais. O importante é saber abraçar o processo do envelhecimento com carinho e sem medo, como uma celebração da vida.”