Iparraguirre Recio/Getty Images
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Durante anos, preenchimentos faciais foram sinônimo de juventude e sofisticação – bem diferente do que eu acredito e defendo. Porém, o excesso de procedimentos levou a distorções e à perda da identidade facial, impulsionando uma nova tendência: a reversão dos injetáveis. Esse direcionamento reflete a valorização da autenticidade e do equilíbrio, trazendo à tona o conceito de que o “menos é mais”, redefinindo o gerenciamento do envelhecimento. Hoje, cada vez mais pessoas optam por remover preenchedores para recuperar um visual mais natural.
A hialuronidase é a principal enzima utilizada para dissolver preenchedores de ácido hialurônico, mas sua aplicação exige precisão para evitar assimetrias e flacidez. Para garantir segurança e resultados naturais, utilizamos o ultrassom facial, que nos permite mapear exatamente onde atuar, tornando o processo mais controlado e previsível. Vejo diariamente pacientes que desejam reverter excessos e recuperar a leveza e a harmonia do rosto. Com essa tecnologia, conseguimos preservar as expressões individuais sem comprometer a estrutura da pele.
Além disso, tecnologias como radiofrequência microagulhada e lasers fracionados são essenciais para estimular a regeneração cutânea, restaurando firmeza e textura de forma gradual e saudável. O foco não deve estar apenas na remoção do preenchedor, mas na qualidade da pele a longo prazo, garantindo um resultado mais equilibrado e sustentável.
A regeneração cutânea vem ganhando espaço como alternativa equilibrada. Em vez da volumização excessiva, o foco está na bioestimulação do colágeno e na manutenção da individualidade. Empresas como Galderma e Lutronic investem em tecnologias que promovem rejuvenescimento sutil e natural. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta para os riscos do uso indiscriminado de preenchedores, que podem causar inflamações e fibroses, dificultando a reversão. Já a American Academy Dermatology (AAD) destaca a importância de abordagens conservadoras para evitar deformações permanentes.
A reversão dos preenchimentos ganhou destaque com celebridades que voltaram atrás em seus procedimentos. No Brasil, nomes como Lucas Lucco, GKay e Flávia Pavanelli relataram a frustração com os resultados exagerados e o alívio ao resgatar sua aparência natural. No cenário internacional, Courteney Cox, Simon Cowell, Kylie Jenner e Lindsay Lohan reforçaram essa mudança cultural. O impacto das redes sociais tem sido determinante, promovendo uma reflexão sobre padrões de beleza e incentivando a aceitação da individualidade.
O processo de envelhecimento facial saudável não depende de transformações radicais, mas da manutenção da saúde e estrutura da pele ao longo do tempo. Esse movimento reforça que o gerenciamento do envelhecimento está ligado a hábitos saudáveis, ao uso das tecnologias regenerativas e a intervenções bem indicadas. Se antes o objetivo era parecer jovem para sempre, hoje a sofisticação está em envelhecer bem, mantendo a autenticidade e o equilíbrio.
Dra. Letícia Nanci é médica do Hospital Sírio-Libanês, médica responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
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Coluna publicada na edição 127 da revista Forbes, em janeiro de 2025.

